Abordarei neste texto uma tragédia.
Não a de Santa Maria, mas uma tragédia igualmente recente: a nova música da banda The Strokes.
Tô brincando, calma! A música, entitulada de One Way Trigger, está longe de ser uma tragédia; embora tenha causado tanto rebuliço nas redes sociais quanto o triste incidente na boate Kiss.
Termine de ler o texto antes de dar play!
O grupo novaiorquino The Strokes é reconhecido por muitos como a "salvação" do rock nos anos 2000. O Is This It, album de estréia da banda, é (merecidamente) considerado um grande marco na história da música, porque junto com ele, tivemos de volta o retrô, a simplicidade, o rock de garagem.
Doze anos após Is This It e dois depois do último cd, a banda composta por Julian, Nick, Albert, Nikolai e Fab (que é brasileiro, por sinal), liberou um material que virou piada por ter sido inspirado pelo infame Tecnobrega paraense... Será mesmo?
Se você não gostou ou ainda está indeciso quanto a One Way Trigger, me acompanhe nessa jornada. Ensinar-te-ei a gostar dessa joça!
São só três passos:
1° passo) Desassociar One Way Trigger de Tecnobrega
O primeiro passo é o mais difícil.
É quase impossível gostar de algo que é piada na internet, admita. As vezes acontece sem querer, só de ver o pessoal tirando sarro você acaba sendo influenciado de alguma forma. Tem pessoa que odeia Crepúsculo sem nunca ter assistido — e que no máximo viu o vídeo do Felipe Neto sobre —, por exemplo. [nota: Crepúsculo é uma bosta.]
Em outras palavras, muita gente não gostou da música porque muita gente não gostou.
Reconheço o valor humorístico da piada, apesar de tudo. Eu mesmo não havia gostado da música na primeira escutada, uma vez que meu primeiro contato com ela se deu através desse vídeo:
O vídeo é sensacional! Há, de fato, uma ligeira semelhança entre o ritmo acelarado de One Way Trigger e os curiosos remixes do DJ Cremoso. Mas, porra, usar isso como argumento pra não gostar da música é idiota. As chances de umas das bandas mais influentes do século XXI ter realmente se inspirado num gênero derivado da fusão entre o brega paraense e o eletrônico são quase nulas — por mais preconceituoso que isso soe —, portanto, você precisa entender que a comparação só funciona como piada; e nada mais além disso!
"Ah, ainda assim a música continua parecendo com algo que eu ja escutei antes."
Com certeza! E é isso que nos leva ao passo 2:
2°) Pense em A-ha, não em Banda Uó
Lembra de Take On Me?
Aposto que ao menos uma vez na vida você já tentou reproduzir esse
tecladinho animado, seja murmurrando, assobiando ou cantarolando "tã tã
tã"!
A banda norueguesa A-ha foi uma das mais famosas de Synthpop — que é basicamente a mistura de rock com teclados e sintetizadores —, especialmente pelo sucesso estrondoso da música acima nos anos 80.
Som bacana, né? Então, se for pra associar One Way Trigger com alguma coisa, associe a Take On Me. Faz muito mais sentido, aliás.
"Foda-se o A-ha. One Way Trigger é diferente de tudo o que os Strokes já fizeram!"
Errado. Em Angles, o album mais recente, a banda já havia deixado algumas pistas sobre qual caminho iriam seguir. Não estou dizendo que prefiro a situação atual, mas (quase) sempre aceito numa boa que bandas mudam e que, hora ou outra, vão tentar coisas novas.
3°) Escute várias vezes
Tem gente que foi tão influenciada pelos comentários dos outros que nem se deu ao trabalho de escutar a música até o fim. Sério, conversei com várias pessoas sobre isso e a maioria alegou que só de escutar o tecladinho animado já fechou o player — e muito provavelmente, logo em seguida, correu pro twitter pra disseminar ainda mais a anedota do "Strokes virou tecnobrega".
Enfim, O último passo é tão simples quanto parece. Agora que você já deletou o tecnobrega e instalou o synthpop em seu memory card mental, basta dar play na música e deixar ela ir crescendo em você. Faça isso quantas vezes forem necessárias!
Seguindo esses três simples passos, em pouco tempo você ficará com vontade de dançar — não como o Capitão América daquele vídeo lá em cima, por favor! — sempre que escutar o comecinho de One Way Trigger. Além disso, o hook que antecede o refrão e o excepcional solo de guitarra provam que The Strokes continuam sendo… The Strokes. E a letra é bacana pra caramba também:
Grande serviço de utilidade pública este cartaz. Já que é impossível entender 100% do que o Julian Casablancas canta na música! haha [Clique na imagem p/ ampliar]
Por esses e outros motivos, odiar gratuitamente a música nova do Strokes é idiotice. Se for pra falar mal, pelo menos escute-a inteira! *Strokesfag feelings*
Deixem aí nos comentários se o meu tutorial te ajudou de alguma forma. Podem me xingar também, se não concordam com as coisas que eu disse. Bora discutir!
E pra fechar o post, uma interessante homenagem a "Last Nite" feita por ninguém menos que… BANDA UÓ!
Obs: me superei na capa desse post! hahaha